Madeira, cortiça e papel podem minimizar a crise
Estudo do Ministério da Economia aponta para oportunidades de crescimento no mercado europeu pela retoma em modo regional.
O setor nacional da madeira, cortiça e papel tem vantagens competitivas relativamente aos concorrentes europeus e pode captar oportunidades de acréscimo de procura por desvio de comércio. Esta é uma das conclusões de um novo estudo do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia, sobre a retoma aos efeitos da crise provocada pela Covid-19.
O estudo, desenvolvido pelos economistas Guida Nogueira e Paulo Inácio, aponta pelo menos dez setores de atividade na economia nacional nos quais Portugal tem vantagem face aos outros 26 países da União Europeia, e que podem ajudar a minimizar os estragos provocados pela emergência sanitária que abalou o mundo nos últimos meses.
Dentro da União Europeia, Portugal é o 11º principal exportador de valor acrescentado gerado pelo setor da madeira, cortiça e papel para o mundo.
Segundo os especialistas, existe em Portugal um grupo de empresas bem colocadas para expandir o negócio enquanto os concorrentes internacionais estão mais paralisados pela crise. É o exemplo dos segmentos do alojamento e restauração; têxteis, vestuário e calçado; madeira, cortiça e papel; e produção de minerais.
Nestas atividades, Portugal tem aquilo a que chamam “vantagens comparativas” em relação aos concorrentes europeus, e, por isso, pode captar mais facilmente “oportunidades de acréscimo de procura por desvio de comércio”. Os peritos acreditam ser “provável que numa primeira fase da retoma da economia europeia, as cadeias de valor prossigam num formato mais regional, o que pode criar oportunidades de exportação para Portugal” na substituição de fornecedores de origem extracomunitária.
Refira-se que o setor industrial português de base florestal (madeira, cortiça e papel) é muito especializado e tem fortes vantagens comparativas. “Em termos absolutos, dentro da UE, Portugal é o 11º principal exportador de valor acrescentado gerado pelo setor para o mundo”, referem os autores do estudo, sendo que “o mercado europeu absorve quase metade destas exportações e mobiliza um número elevado de empresas exportadoras, mais de 1 600”.