“Temos investido muito na gestão da Floresta”
Carlos Bernardes, autarca de Torres Vedras, destaca o papel importante da floresta na economia da região e na vida da comunidade.
Qual a importância da floresta no concelho de Torres Vedras?
A floresta ocupa cerca de 42% do território de Torres Vedras e desempenha um papel importante e essencial na conservação de equilíbrios fundamentais, na economia da região e na vida da comunidade. A cultura do eucalipto representa a maioria dos povoamentos florestais instalados – cerca de nove mil hectares –, cuja elevada produtividade gera riqueza para milhares de proprietários e famílias, mas também para a cadeia de valor constituída por inúmeras empresas de exploração florestal sediadas no concelho. A nossa mancha florestal também inclui pinhais, carvalhais e bosques mediterrânicos, que constituem um eixo estratégico para o desenvolvimento territorial do concelho.
Que desafios enfrenta o município na sua área florestal e o que tem sido feito em prol da floresta?
Os desafios prendem-se essencialmente com a resiliência do território aos incêndios florestais, a adaptação às alterações climáticas, a promoção da gestão sustentável e a valorização dos espaços florestais como ecossistemas fundamentais para a biodiversidade e conservação de espécies. Nos últimos anos, Torres Vedras tem-se afirmado nas melhores práticas ao nível nacional na gestão da floresta, com um investimento significativo na alocação de recursos e pessoal. O último exemplo foi a inauguração, este ano, do Centro Municipal Florestal, onde o Gabinete Técnico Florestal desenvolve o seu trabalho em maior proximidade com o território rural e atendimento diário à comunidade. Destaco também as atividades pedagógicas e de voluntariado que envolveram cerca de 34 mil pessoas nos últimos dez anos, bem como a cedência anual de mais de cinco mil árvores e arbustos autóctones para arborização no concelho.
Que medidas identifica como prioritárias para uma melhor floresta em Portugal?
Reconheço que algumas medidas e projetos implementados nos últimos anos começam a apresentar resultados positivos, e, por isso, importa manter essa linha orientadora, sem recuos. Mas alguns pontos podem ser melhorados, nomeadamente: o reconhecimento e valorização dos gestores e proprietários que apresentem florestas geridas de forma sustentável; o cadastro predial rústico e a regularização mais simplificada de processos de compra/venda e de heranças; a sensibilização dos proprietários para os valores de conservação dos ecossistemas; o reforço da fiscalização ativa para combater o sentimento de impunidade; a educação e sensibilização da sociedade urbana para a desmistificação de preconceitos e ideias erradas, nomeadamente sobre a floresta de crescimento rápido; a valorização da profissão de sapador florestal; e o melhor aproveitamento da biomassa florestal, com a instalação de centrais de biomassa em pontos estratégicos, para diminuir o custo de transporte dos sobrantes de exploração florestal e jardins.