Incêndios de 2020 abaixo da média na década
O número de incêndios rurais e área ardida aumentou, relativamente aos registos de 2018 e 2019, mas ficou aquém do histórico dos últimos dez anos.
Entre 1 de janeiro e 15 de outubro, Portugal registou um total de 9 394 incêndios rurais e 65 887 hectares de área ardida, segundo revela o 8.º relatório provisório de Incêndios Rurais de 2020. Segundo a base de dados nacional de incêndios rurais, o fogo afetou sobretudo povoamentos florestais (31 803 hectares) e áreas de matos (27 824 hectares), enquanto a área agrícola ardida foi de 6 260 hectares.
“Comparando os valores do ano de 2020 com o histórico dos 10 anos anteriores, assinala-se que se registaram menos 48% de incêndios rurais e menos 52% de área ardida, relativamente à média anual do período. O ano de 2020 apresenta, até ao dia 15 de outubro, o segundo valor mais reduzido em número de incêndios e o quarto valor mais reduzido de área ardida, desde 2010”, pode ler-se no documento do ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
Ainda assim, os valores deste ano correspondem a um acréscimo da área ardida, do número de incêndios de grande dimensão e da área média consumida em cada ignição, quando comparados com os dois últimos anos.
O ano de 2020 caracterizou-se por incêndios rurais mais frequentes com área ardida inferior a 1 hectare (86% do total das ocorrências). Quanto aos grandes incêndios – assim considerados quando a área ardida é igual ou superior a 100 hectares – ocorreram 65, que consumiram 55 218 hectares, cerca de 84% do total da área destruída pelo fogo. Destes, 11 ocorrências registaram área ardida superior ou igual a 1 000 hectares.
Maior incidência a norte do Tejo
Os vinte concelhos com maior número de incêndios, todos localizados a norte do Tejo, representam 34% do número total de ocorrências e 10% da área total ardida. O maior número de ocorrências verificou-se em Paredes (475), Felgueiras (239) e Vila Verde (194), concelhos de “elevada densidade populacional, com presença de grandes aglomerados urbanos e utilização tradicional do fogo na gestão agroflorestal”. Já em termos de área ardida, destacam-se os concelhos de Oleiros (12 083 ha), Sertã (3 671 ha) e Proença-a-Nova (3 395 ha).
As autoridades investigaram mais de 7 200 incêndios dos 9 394 que ocorreram no país, tendo atribuído uma causa a 4 667. Este ano, as causas mais frequentes tiveram a ver com o incendiarismo: imputáveis (37%) e o uso negligente do fogo (29%), com relevância para as queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (15%), queimas de amontoados de sobrantes florestais ou agrícolas (5%) e queimadas para gestão de pasto para gado (7%). Os reacendimentos representaram 12% do total de causas apuradas, num valor inferior face à média dos 10 anos anteriores (18%).