Vantagens das plantas de qualidade superior
O melhoramento genético permite florestas de maior qualidade, mais eficientes em termos produtivos e, também, mais resilientes.
“Planta melhorada” é a designação genericamente utilizada para indicar plantas de qualidade superior, provenientes de um programa de melhoramento que visa apurar alguma característica da espécie, como por exemplo produtividade, qualidade da madeira ou resistência a algum fator adverso. Esta planta melhorada pode ser seminal (proveniente de um pomar de sementes geradas por árvores selecionadas) ou clonal, que não é mais do que uma cópia fiel da árvore original selecionada, produzida a partir de estaca.
As “super plantas” são o resultado de programas de melhoramento genético, através da implementação de um ciclo com várias atividades, que se desenrolam ao longo de 15-20 anos. Este período compreende a criação de novas variedades e colocação em campos de ensaio, a sua avaliação e análise dos resultados, e, finalmente, a seleção dos melhores clones. Estes serão depois multiplicados em larga escala em viveiros e disponibilizados para venda ao público.
Uma planta melhorada promove povoamentos uniformes, com menos mortalidade e maior crescimento. Nestes, os povoamentos de planta clonal crescem mais e são mais homogéneos do que os de planta seminal.
Em Portugal, existem dois programas de melhoramento genético dedicados ao eucalipto: o da The Navigator Company (desenvolvido no Instituto RAIZ, que já vai na quarta geração) e o da Altri. E os resultados são expressivos. Na planta seminal melhorada, o ganho de volume de madeira é, em média, 20% superior ao da planta seminal corrente. Já na planta clonal, a par com a semente originada de polinização controlada, pode obter-se ganhos médios de 30%.
A planta clonal faz a diferença
“Portugal foi pioneiro no melhoramento genético do eucalipto, com o primeiro programa, em 1968. De resto, os programas de melhoramento genético do eucalipto em Portugal são dos mais avançados em todo o mundo”, afirma Nuno Borralho, responsável pela Unidade de Investigação Florestal do RAIZ, um instituto de pesquisa privado pertencente à The Navigator Company e que se dedica ao avanço do conhecimento científico em eucalipto, especialmente nas áreas de genética e melhoramento, silvicultura, pragas e doenças, e meio ambiente.
O investigador defende que, na produção florestal, “a única saída é desenvolver plantas que sejam mais eficientes no uso dos recursos naturais, ou seja, que consigam produzir mais biomassa com a mesma ou, se possível, com menor disponibilidade de água e nutrientes. E estamos a consegui-lo”.
Para Nuno Borralho, “o sucesso de uma plantação depende da aplicação de boas práticas culturais, tanto quanto da qualidade genética das plantas. Porém, em alguns casos, determinados clones especificamente selecionados podem, efetivamente, fazer a diferença. É o que acontece em áreas com características muito particulares, seja por questões de frio, risco de ocorrência de certas pragas ou qualidade de solo.”