Agricultura tira terreno a sobreiros e azinheiras
Estudo do ISA encontrou relação também com o aumento da temperatura média e com a exploração de gado bovino.
As áreas de sobreiro e azinheira estão a perder terreno para a agricultura intensiva, segundo um estudo efetuado pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA) que analisou a população florestal em Portugal continental, nos últimos 50 anos. O declínio destas duas espécies florestais é ainda mais acentuado nos últimos 25 anos, tendo sido registada uma redução significativa em mais de 70% das áreas analisadas pelos investigadores.
Desenvolvido pelo Centro de Ecologia Aplicada (CEABN) do ISA, o estudo avança algumas explicações para a perda de sobreiros e azinheiras, apontando a entrada de Portugal na União Europeia e a disponibilização de subsídios para a intensificação da exploração de gado.
O aumento das pastagens de gado bovino teve especial impacto para a azinheira que, segundo os investigadores, “tem sido gerida muito mais como um montado aberto, com muita utilização do subcoberto para a agricultura”, afirmou Vanda Acácia, uma das autoras do estudo.
Já a subida da temperatura média anual, motivada pelas alterações climáticas, levou à redução de sobreiro, mas ao aumento de azinheira. Algo que o estudo explica com o facto de nas zonas com maior temperatura (e mais seca) o ambiente ser mais difícil para a agricultura.
A falta de investimento privado para o restauro ecológico é apontado como um dos problemas para a perda de sobreiros e azinheiras. “Era importante haver investimento público também associado ao pagamento de serviços de ecossistemas, porque estes são muito importantes em termos de biodiversidade, mas também economicamente, culturalmente e socialmente”, defendeu Vanda Acácio.
Publicado recentemente na revista científica Forest Ecology and Management, pode ler (em inglês) o estudo aqui .