O impacto socioeconómico do eucalipto
A espécie está na base de uma atividade florestal que alimenta vários setores industriais, com grande impacto social e económico no país.
Portugal beneficia de condições de solo e clima ideais para o desenvolvimento de eucalipto, uma das espécies florestais mais versáteis e plantadas em todo o mundo. Por se tratar de uma árvore de crescimento rápido, possui uma vantagem natural que permite uma atividade económica florestal que alimenta diferentes setores industriais, do automóvel às energias renováveis, passando pela alimentação, embalagem, farmacêutica, cosmética e até na indústria têxtil.
A fileira do eucalipto é o setor com maior Valor Acrescentado Bruto nacional e contribuidor líquido para a balança comercial de bens, pois as suas exportações compensam largamente as importações. Portugal ocupa um lugar de destaque no setor da pasta e papel europeu, com um importante impacto socioeconómico no país*:
– 4,3% das exportações nacionais de bens;
– 50% das exportações dos produtos de base florestal em Portugal;
– 12 747 empregos diretos e várias dezenas de milhar de empregos indiretos e induzidos;
– 2 350 milhões de euros de volume de vendas (1,2% do PIB);
– 174 mercados internacionais compram papel e cartão produzidos em Portugal (na pasta são mais de 30 mercados);
– 2.º maior produtor de papel UWF na Europa (18,1% do total);
– 3.º maior produtor de pastas químicas na Europa (9,3%).
A sua madeira é utilizada em…
– Mobiliário, painéis de madeira (MDP, MDF, HDF, OSB e EGP)
– Pisos (parquet, decks…)
– Construção civil
– Estacaria para vedações, fundações e postes
– Carvão vegetal
A sua fibra de celulose serve para…
– Papéis diversos: papel de impressão e escrita, cadernos, livros, revistas, jornais, embalagens, sacos, papel vegetal, papel-moeda, etc.;
– Papéis de uso doméstico: lenços, guardanapos, papel de cozinha, papel higiénico, fraldas descartáveis, absorventes íntimos;
– Nitrocelulose: componente de verniz, tintas especiais e para impressão, esmaltes, cosméticos e explosivos;
– Viscose & Lyocell ou Tencel®: fibra utilizada na indústria têxtil (vestuário, decoração, etc.), esponjas, película de celofane para embalagem de alimentos e invólucro de salsichas, filamentos para pneus, correias e mangueiras de alta pressão;
– Éter e MCC (celulose microcristalina): espessantes para cosméticos, pasta dentífrica e alimentos industrializados (bebidas lácteas, molhos, etc.), cápsulas para medicamentos (drageias), retardantes de cristalização para gelados e doces;
– Decoração: painéis termolaminados;
– Acetato: película para ecrãs LCD, filtros para cigarros, resinas para armações de óculos e cabos de ferramentas, forros, tapetes;
– Nanocelulose: componentes eletrónicos, pele artificial para cicatrização de feridas e queimaduras, etc.
E está em vários outros usos…
– Produtos florestais não lenhosos: mel, cogumelos e óleos essenciais (cineol) utilizados na medicina natural, e produção de detergentes e cosméticos;
– Bioenergia (a partir da queima de biomassa ou licor negro): energia térmica, eletricidade;
– Fenolicos e polímeros a partir da lenhina da madeira, com propriedades nutricionais e antioxidantes para utilização em vários setores industriais;
– Biocombustíveis (a partir dos açucares da madeira e biomassa – xiloses): etanol.
Matéria-prima para produtos renováveis, recicláveis e biodegradáveis, o eucalipto tem um importante desempenho no desafio climático do planeta. As florestas de eucalipto em Portugal têm uma taxa anual de captura de CO2 sete vezes superior à do sobreiro e três vezes superior à do pinheiro. O eucalipto bem plantado e gerido profissionalmente contribui para a preservação das florestas naturais, pois reduz a pressão da procura de produtos florestais nestas áreas.
Fontes: Boletim Estatístico CELPA 2020; What a Tree Can do?, CEPI 2018; Indústrias de Base Florestal – Estatísticas Setoriais, DGAE 2020; Guia do Eucalipto – Oportunidades para um desenvolvimento sustentável, CIB 2008; As Árvores Plantadas e seus Múltiplos Usos, IBÁ 2000; www.florestas.pt; *Valores de 2020