Saiba mais sobre o combate à traquimela
Conheça os métodos de controlo que podem ser usados nesta praga do eucalipto, pouco conhecida, mas com rápida dispersão em Portugal.
A The Navigator Company promoveu, com a UNAC – União da Floresta Mediterrânica e a ACFALT – Associação para a Certificação Florestal do Alentejo e Lezíria do Tejo, uma ação de sensibilização sobre o impacto da nova praga do eucalipto, a traquimela (Trachymela sloanei), incluindo os métodos de controlo que podem ser usados, as ações de I&D que estão a ser desenvolvidas e quais as perspetivas futuras.
Este inseto de origem australiana é, atualmente, uma das pragas mais importantes do eucalipto em Portugal, juntamente com o gorgulho-do-eucalipto (Gonipterus platensis), a foracanta (Phoracantha semipunctata) e o percevejo-do-bronzeamento (Thaumastocoris peregrinus). Foi detetada em 2019, no Algarve, havendo ainda pouco conhecimento sobre a sua biologia, ecologia, impacto económico e métodos de controlo.
O RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel (laboratório de I&D detido pela The Navigator, Company, Universidade de Aveiro, Universidade de Coimbra e Universidade de Lisboa, através do Instituto Superior de Agronomia) tem avaliado anualmente a sua dispersão no País, constatando a sua disseminação rápida, a uma média de 30 a 60 quilómetros por ano, tendo, em apenas dois anos, ocupado a metade sul de Portugal Continental. Para já, não são conhecidos inimigos naturais eficazesda traquimela, mas o RAIZ patrocina essa prospeção na Austrália, através do programa BiCEP, via BIOND, a associação das bioindústrias de base florestal.
Sendo o controlo biológico o método com maiores vantagens, vai ser importado, ainda em 2023, um pequeno inseto australiano que parasita os ovos da traquimela, para verificar a sua eficácia nas espécies de eucalipto instaladas em Portugal.
Sendo o controlo biológico o método com maiores vantagens (de eficácia, logísticas, económicas e ambientais), oRAIZ e a Altri Florestal vão importar, ainda em 2023, Enoggera reticulata, um pequeno inseto australiano que parasita os ovos da traquimela, para verificar a sua eficiência nas espécies de eucalipto instaladas em Portugal. Tanto a introdução de um inimigo natural, como a avaliação técnica e disponibilização no mercado de novas plantas mais resistentes a esta praga, demorará vários anos.
Estratégia de gestão da praga
A utilização do inseticida EPIK, que está autorizado em Portugal para o controlo de várias pragas do eucalipto, foi este ano autorizado para o combate à traquimela, ao abrigo de uma Autorização Excecional de Emergência, solicitada pelo RAIZ, devido ao facto de se tratar atualmente do único método de controlo viável, que deve ser realizado de acordo com as condições de uso autorizadas, por aplicadores credenciados.
A estratégia para gestão desta praga passa pela parceria entre as empresas ibéricas (RAIZ/Navigator, Altri Florestal e Ence) para a monitorização e controlo da traquimela e de outras pragas e doenças, estabelecendo também parceria com universidades portuguesas e estrangeiras e envolvendo as autoridades nacionais (ICNF e DGAV) e outras partes interessadas, através de um Plano Nacional de Controlo.
Segundo o RAIZ, para o controlo efetivo desta praga é indispensável o envolvimento dos produtores florestais e das suas organizações, de forma a: continuar a acompanhar a dispersão do inseto; continuar a estudar a sua bioecologia; continuar a monitorizar a desfolha e a identificar áreas afetadas; prosseguir com I&D em métodos de controlo, em especial com o controlo biológico e seleção de eucaliptos menos atacados; divulgar as melhores práticas; e implementar ações de controlo operacionais (a curto prazo, inseticidas, e, a médio-longo prazo, o controlo biológico).