Reportagens

Massiva adesão dos proprietários à certificação

António Loureiro, autarca de Albergaria-a-Velha, destaca os benefícios da floresta de produção para a sociedade em geral.

O município de Albergaria tem uma forte ligação à floresta.

Temos uma ligação intrínseca à floresta e às atividades silvícolas e florestais. No nosso concelho nasceu a mais antiga indústria de celulose de Portugal, a Caima, e ao seu redor nasceu uma nova oportunidade de trabalho e de negócio, bem como uma nova floresta e uma nova classe de trabalhadores especializados e de empresários florestais dinamizadores da economia local.

Aqui nasceu a Expoflorestal, atualmente a maior, mais representativa e mais “internacionalizada” das mostras florestais do país. E aqui surgem, diariamente, produtores florestais que decidem transformar as suas propriedades em florestas certificadas e bem geridas, e empresários florestais que decidem certificar a sua cadeia de responsabilidade para o transporte da madeira proveniente das propriedades certificadas.

Quais as iniciativas da autarquia em prol da defesa e promoção da floresta?

Dar uma nova vida à mensagem associada à promoção de uma floresta mais sustentável e resiliente tornou-se uma necessidade de primeiro plano. A floresta de produção já não é, apenas, um espaço onde crescem árvores que ali ficam até ao dia em que são cortadas e transportadas para a indústria. A esta floresta, para além do importante rendimento económico complementar das famílias, está associado um valioso conjunto de benefícios para a sociedade em geral. O lazer que proporciona, a educação, a formação e a afirmação da floresta enquanto reforço identitário da cultura, dos valores e dos costumes das populações locais, são exemplos do que este executivo tem vindo a dinamizar.

Em Albergaria existem várias entidades apoiadas pelo município, que desenvolvem a sua atividade em espaços cedidos gratuitamente pela Câmara Municipal e que transformam a promoção e a valorização dos espaços florestais no trabalho do seu dia-a-dia. A Associação Bioliving, por exemplo, é uma referência nacional no âmbito da conservação da natureza, educação ambiental e restauro de áreas naturais degradadas.

Num plano mais vocacionado para a floresta enquanto espaço de produção sustentável e certificado, a Associação Florestal do Baixo Vouga conta já com cerca de 1.600 associados e 8.000 hectares de floresta certificada, e com soluções de gestão florestal “chave na mão”, que tornam o apoio camarário à associação numa aposta segura na melhoria do planeamento, ordenamento, gestão e manutenção dos espaços florestais.

No concelho coexiste floresta de produção e conservação. Como é que o município faz esta gestão?

Nos últimos anos, em parte devido às campanhas de sensibilização para as boas práticas silvícolas e à massiva adesão dos proprietários florestais à certificação da gestão florestal, Albergaria soma uma área muito significativa de conservação. Por outro lado, a implementação de projetos de arborização dos espaços públicos e a dinamização camarária das atividades de preservação do património natural, histórico e cultural, tal como a Rota dos Moinhos de Água e o património da Pateira de Frossos, tornam a gestão do território mais abrangente. A articulação com os proprietários florestais passa cada vez mais por um caminho de sensibilização e transmissão de conhecimento em âmbitos mais específicos, como as áreas de conservação e protegidas, com atuação condicionada ou não permitida.

Entrevista originalmente publicada na rubrica “Poder Local” da revista Produtores Florestais número 11, de setembro de 2023, que pode ler na íntegra aqui.