Reportagens

“A MECANIZAÇÃO FLORESTAL”

Pedro Pinho tem atividade profissional na exploração florestal, com empreitadas que hoje movimentam equipamentos de muitas centenas de milhar de euros.

Pedro Pinho

O trabalho na floresta não tem segredos para Pedro Pinho que, desde os 21 anos, gere a sua própria empresa de exploração florestal, a PH Pinho Madeiras Lda. “Prestamos serviços que são basicamente corte e transporte de madeira, mas também compramos madeira em bruto que transformamos e transportamos para as fábricas de celulose”, afirma à Produtores Florestais o empreiteiro florestal, de 33 anos.

Seguindo uma longa tradição familiar na atividade silvícola, Pedro Pinho reconhece a evolução que se verificou na estrutura da empreitada florestal em pouco mais de uma década. “Quando comecei, o trabalho era sobretudo manual e agora é muito mais mecanizado. A mecanização transformou as operações na floresta e, hoje, há máquinas que fazem o trabalho de 4/5 pessoas”, adianta, reconhecendo reflexos positivos no trabalho feito em escala, nos ganhos de produtividade e na maior segurança nas operações.

“Se for tudo novo, o investimento em equipamento pode chegar a um milhão de euros. E sem contar com a logística associada, o combustível e a manutenção”, diz Pedro Pinho.

Esta realidade alterou a composição do estaleiro florestal onde se movimenta equipamento que representa investimentos de várias centenas de milhar de euros. “Uma simples motosserra anda à volta de mil euros, mas o equipamento pesado pode atingir facilmente os 800 mil/900 mil euros. Estou a falar do Harvester, mais um trator com grua e forward, um camião e galeras para transporte de madeira; por vezes também pode ser preciso outro camião para remover resíduos…”, diz Pedro Pinho, para logo reforçar: “Se for tudo novo, o investimento pode chegar a um milhão de euros. E sem contar com a logística associada, o combustível e a manutenção.”

Uma operação em quatro fases

Apesar de toda a tecnologia que é empregue nas operações florestais, que dá resposta a uma escassez de mão de obra na floresta, o fator humano continua a desempenhar um papel primordial. “No nosso trabalho, normalmente somos quatro. Um faz o abate da madeira com motosserra; outro, aos comandos do Harvester, processa a madeira, descasca-a e já a deixa empilhada em lotes; um terceiro operador conduz o trator que tira a madeira do monte e carrega o camião; e, por fim, o motorista faz o transporte desta para a indústria transformadora”, explica Pedro Pinho, que acumula a gestão da empreitada com as tarefas de rechega para o camião de transporte.

O trabalho florestal no minifúndio é difícil, pois as máquinas não têm espaço para manobrar, o que atrasa e encarece as operações a realizar no terreno.

A empresa de Pedro Pinho desenvolve a sua atividade na região de Albergaria-a-Velha e concelhos vizinhos e nenhuma operação é desencadeada sem um planeamento prévio da área florestal a ser intervencionada. “Toda a floresta é tratada mais ou menos da mesma maneira. Temos de ter cuidados, como estudar os acessos, onde podemos efetuar as cargas, e qual a maneira mais fácil de sair do terreno onde estamos a laborar”, refere o empreiteiro florestal, reconhecendo que as maiores dificuldades estão nos minifúndios (pequenas parcelas de terreno), que obrigam a deslocar as máquinas várias vezes num curto espaço de tempo. “O trabalho no minifúndio é complicado, pois a máquina não tem muito espaço para manobrar, o que atrasa bastante as operações e aumenta a despesa”, acrescenta.

Carregar 80 toneladas de madeira por dia

Num dia de trabalho de 9 horas, a equipa de Pedro Pinho consegue carregar em média dois camiões, qualquer coisa como 80 toneladas. “É sempre relativo. Depende dos terrenos, do tipo de madeira. Há locais onde apenas retiramos 40 toneladas por dia. Noutros terrenos, com melhores acessos, e se for para retirar madeira com casca, podemos processar mais de 100 toneladas num dia”, adianta o jovem empreiteiro.

Ator num mercado com bastante concorrência, o custo das operações florestais é negociado com os proprietários de duas formas: através de uma percentagem da madeira que é transportada para a fábrica ou com base numa estimativa das toneladas de madeira que estão no terreno.