Reportagens

Inpactus: novos bioprodutos com base no eucalipto

O maior programa nacional de I&D em bioeconomia de base florestal resultou na criação de produtos inovadores e potenciais novos negócios.

É o maior investimento de sempre em Portugal num projeto de I&D no domínio da bioeconomia de base Florestal, e resultou em produtos inovadores e potenciais novos negócios que colocam a floresta de eucalipto no centro da solução para alguns dos grandes desafios da atualidade, com destaque para a descarbonização da economia e a substituição de bens que hoje são produzidos com base em matéria-prima fóssil. Chama-se “Inpactus” e os seus resultados foram agora conhecidos.

O Inpactus – Produtos e Tecnologias Inovadores a Partir do Eucalipto, um investimento global de 14,6 milhões de euros, envolveu uma equipa de mais de 200 investigadores e técnicos, tendo sido desenvolvido em copromoção entre a The Navigator Company, o RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, a Universidade de Coimbra e a Universidade de Aveiro. Contou ainda com o envolvimento de instituições parceiras, como a Universidade da Beira Interior, Universidade do Minho, Instituto Superior Técnico, Universidade Nova de Lisboa, Instituto Ibérico de Nanotecnologia, Centros de I&D RISE Bioeconomy (da Suécia) e Fraunhofer (da Alemanha) e a spin-off Satisfibre.

A componente tecnológica do Inpactus materializou-se em 37 patentes submetidas ou em preparação, consolidando a liderança do RAIZ (financiado maioritariamente pela The Navigator Company, mentora do projeto Produtores Florestais) no registo nacional da propriedade industrial. O consórcio gerou também 66 protótipos e 114 provas de conceito, para além dos produtos diferenciadores criados. Quatro destes já se encontram em fase de comercialização – três produtos de papel higiénico-sanitário e outro de papel de embalagem kraftliner produzido a partir de pasta de alto rendimento –, existindo ainda oito potenciais novos produtos e negócios no domínio da bioeconomia de base florestal.

Quatro dos produtos criados no âmbito do Inpactus já se encontram em comercialização: três papéis higiénico-sanitários e um de embalagem, produzido a partir de pasta de alto rendimento.

O potencial do eucalipto globulus

Num contexto de bioeoconomia circular, o Inpactus veio comprovar o potencial dos bioprodutos inovadores que podem ser originados a partir do eucalipto plantando em Portugal, o e. globulus. Esta espécie possibilitou o desenvolvimento de uma nova geração de biocompósitos à base de celulose e bioplásticos, com potencial utilização em diversas indústrias, como a injeção e moldagem de plásticos, filamentos para impressão 3D e têxtil. Também os produtos bioativos e essências a partir da biomassa florestal permitem várias aplicações na área farmacêutica, da cosmética e dos produtos de higiene, em ingredientes de alimentação animal e na nutracêutica, graças à sua ação anti-inflamatória, de antienvelhecimento da pele e atividade prebiótica.

O Inpactus resultou ainda noutros projetos que se encontram em fase de demonstração industrial, como novas argamassas e cimentos ecológicos com integração de cinzas das caldeiras de biomassa, assim como aplicações da lenhina, um subproduto do processo industrial, para aplicação em espumas de poliuretano, adesivos e compósitos. Entre os resultados, de destacar também biocombustíveis a partir dos sobrantes da biomassa florestal.

Este é, assim, um projeto que extravasa as fronteiras da ciência e da economia, estendendo a sua influência à sustentabilidade e à qualidade de vida das futuras gerações, e que põe em evidência a importância da floresta plantada e do eucalipto globulus como matéria-prima de excelência.

O evento de encerramento do projeto realizou-se no Biocant Park, a 19 de outubro, com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato