AFBV avança para núcleos de gestão florestal
A evolução do projeto de áreas agrupadas levará à constituição de manchas geridas com maiores dimensões e todos os benefícios inerentes.
A primeira área florestal agrupada, criada pela Associação Florestal do Baixo Vouga (AFBV), já foi replicada duas vezes e existem mais seis projetos em avaliação na região de Aveiro. Agora, a AFBV planeia avançar para núcleos de gestão, que permitam ter áreas mais alargadas de floresta gerida, incluindo áreas agrupadas.
Concebido pela AFBV, o projeto original nasceu em Castanheira do Vouga, com 15 parcelas, tipicamente com 15 metros de largura por 500 ou 600 de comprimento, totalizando 12 hectares de terreno quase impossível de gerir, por inviabilidade económica e enormes obstáculos técnicos.
Em conjunto, foi possível planear, organizar e operacionalizar a gestão desta mancha, mantendo os marcos, mas não olhando para as estremas na hora de adotar as soluções mais adequadas, como se fosse uma única propriedade. Os 15 proprietários, que assinaram um contrato de gestão com a AFBV, participam no investimento e na receita, com uma percentagem proporcional à área da sua parcela.
Gestão com um sentido global
Para ultrapassar os problemas do minifúndio florestal, a AFBV adotou “um processo verdadeiramente democrático”, como sublinha o presidente António Guimarães, que permitiu chegar a “uma solução que nasceu dos problemas sentidos pelos produtores”.
Adequadas para reunir parcelas onde se vai plantar floresta a partir do zero, as áreas agrupadas não resolvem as situações em que as necessidades de gestão são bastante diferenciadas. “Quando existe uma parcela com árvores com 5 anos, outra a corte, outra com 3 anos, e outra ardida, isso obriga a manter a gestão individual das parcelas”, explica o coordenador técnico da AFBV, Luís Sarabando, acrescentando que essa gestão individual deve ser feita “com um sentido global”.
“Independentemente de serem propriedades individuais ou áreas agrupadas, o que nos interessa é que essas manchas sejam geridas”, sublinha Luís Sarabando, da AFBV.
É assim que nasce o conceito de núcleo de gestão, vocacionado para áreas mais extensas, prevendo a incorporação de áreas agrupadas e permitindo adesões em qualquer altura. “Independentemente de serem propriedades individuais ou áreas agrupadas, o que nos interessa é que essas manchas sejam geridas”, sublinha Luís Sarabando.
Vantagens de agrupar
As áreas florestais agrupadas nasceram com o objetivo de ganhar escala na gestão, para diminuir o risco de incêndios, ter acesso a seguros, cumprir boas práticas, ter ganhos operacionais com as técnicas utilizadas e pela dimensão das empreitadas e vendas e, ainda, ter melhor acesso a financiamentos.
“As áreas integradas de gestão da paisagem, agora em voga, pretendem fazer algo semelhante, mas que é imposto de cima: um conjunto de entidades decide um plano para uma área de 1 200 ou 1 500 hectares. Na prática, irá falhar, por falta de instrumentos legais. O nosso processo pode ser mais lento, mas é mais sólido”, assegura Luís Sarabando.
Para melhorar as áreas florestais integradas, Luís Sarabando pede, por um lado, que sejam viabilizados contratos juridicamente mais robustos, que impeçam o rompimento dos compromissos, e, por outro, que se considere a adesão coerciva, nos casos em que a (falta de) vontade de um indivíduo ponha em causa um projeto coletivo.