Reportagens

Águia-de-Bonelli é valor de conservação

Conservar a biodiversidade faz parte da gestão florestal sustentável. Na floresta da Navigator há 16 territórios permanentemente monitorizados.

águia de bonelli

Espécie classificada “em perigo”, a águia-de-Bonelli utiliza as copas de eucaliptos de grande porte para construir os seus ninhos. Situados em pequenos bosquetes em vales e zonas de pouco acesso, os locais de nidificação desta ave de rapina estão classificados como habitats de proteção prioritária e, por isso, a sua conservação é parte integrante de qualquer modelo de gestão florestal sustentável.

Também conhecida como águia-perdigueira, a “Bonelli” nidifica em várias propriedades da Navigator do sudoeste alentejano e Algarve, e tem merecido um acompanhamento por parte da empresa desde 2006. No âmbito do projeto LIFE “Conservação de Populações Arborícolas de águia-de-Bonelli em Portugal”, a Navigator definiu, em conjunto com o CEAI – Centro de Estudos da Avifauna Ibérica, um plano de conservação que define zonas tampão em redor dos ninhos, e foi identificado o período durante o qual estão condicionadas algumas atividades.

Operações condicionadas

“Tentamos compatibilizar a nossa gestão com a época reprodutiva da águia-de-Bonelli. Monitorizamos anualmente os ninhos e condicionamos atividades impactantes, nomeadamente o corte ou plantação de árvores, entre dezembro e maio”, explica Nuno Rico, responsável pela conservação da biodiversidade na Navigator.

Existem zonas tampão em 32 unidades da Companhia, correspondendo a 16 territórios de águia-de-Bonelli, ou seja, 16 casais. A par, existem quatro ninhos, ou locais de nidificação estáveis, dentro de propriedades, em redor dos quais foram constituídas áreas de proteção entre os 3 e os 4,5 hectares, denominadas “áreas de alto valor de conservação”. 

O risco de extinção de muitas espécies desperta a urgência na adoção de princípios em benefício da conservação da biodiversidade em qualquer modelo de gestão florestal sustentável.

Há ainda a preocupação de criar alternativas para nidificação, com a criação ou manutenção de pequenos bosques de grandes árvores junto aos ninhos já existentes e com a construção de ninhos artificiais. A população tem-se mantido estável, e sempre que há sucesso reprodutivo surge também a esperança de que os juvenis vão, futuramente, nidificar em novos locais.

Sinais de alerta nos últimos 40 anos

De acordo com a Lista de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), em 2019 eram mais de 28 mil as espécies ameaçadas de extinção à escala global. Fruto das atividades humanas não sustentáveis, a natureza está a perder terreno, como demonstram os números: só nas últimas quatro décadas, a população mundial de espécies selvagens diminuiu 60%.

Em Portugal, mais de 60% das plantas avaliadas estão em risco de extinção e 42% das espécies de vertebrados identificados estão ameaçados. Sinais de alerta que despertam para a urgência na adoção de princípios para benefício da conservação da biodiversidade.