Indústria florestal gera valor de €138 mil milhões
No retrato da floresta da UE-27, o Eurostat confirma o aumento da área florestal e o seu contributo para criação de valor e emprego.
A floresta e as zonas arborizadas estendem-se por 180 milhões de hectares do território da União Europeia (UE), ou seja, cerca de 45% da superfície terrestre dos 27 países membros, beneficiando a silvicultura e a exploração florestal, bem como um forte setor industrial. Os números são do Eurostat, gabinete de estatísticas da União Europeia, e revelam para a silvicultura e exploração florestal um valor acrescentado bruto (VAB) de 26,6 mil milhões de euros, em 2017, enquanto na indústria florestal este índice superou os 138 mil milhões de euros, em 2018. No emprego, os dados são também reveladores: silvicultura, exploração florestal e indústria florestal empregam cerca de 3,5 milhões de pessoas na UE-27.
O Statistical Book: Agriculture, forestry and fisheries faz um retrato da floresta e das atividades florestais no espaço europeu, estimando 159 milhões de hectares de floresta e 21 milhões de hectares de outras áreas florestadas. As contas dos últimos 30 anos apontam para um aumento da área florestal em 10,2 milhões de hectares (6%), que é devido à regeneração natural e plantação de floresta, embora com significativas diferenças entre os vários estados da UE-27.
Nos países com maior percentagem ocupada por floresta e outras áreas arborizadas, como Finlândia e Suécia, estas correspondem a 76,2% e 74,5% do território terrestre, respetivamente, enquanto no extremo oposto se encontram Irlanda (12,3%), Dinamarca (11%) e Malta (1,7%). Portugal está no sétimo lugar desta tabela, com 53%, entre Espanha (56%) e Grécia (51%).
Floresta e outras áreas arborizadas na Europa (%)
Criação de valor económico
Os recursos madeireiros não refletem apenas a área coberta de floresta, dependendo também da densidade dos povoamentos e dimensão das árvores. Em 2020, o stock de madeira na UE-27 totalizava uns estimados 27,6 mil milhões de metros cúbicos e era a Alemanha que tinha mais madeira em crescimento, cerca de 3,66 mil milhões de m3, seguida da Suécia, com 3,65 mil milhões de m3, apesar desta ter uma área de floresta quase 2,5 vezes maior. Já Portugal, segundo os últimos dados disponíveis, de 2015, apresentava 171 milhões de m3 de madeira em crescimento, ficando-se pela 21.ª posição entre os países da União Europeia.
Na indústria europeia de base florestal sobressai o subsetor da pasta e do papel, responsável por mais de um terço (34,7%) do valor acrescentado bruto registado no último relatório estatístico do Eurostat.
É a madeira disponível que dita parte significativa do impacto socioeconómico da silvicultura e exploração florestal, assim como o valor gerado pelas indústrias de base florestal, onde operam os setores da madeira serrada, mobiliário, pasta e papel, gráficas e impressão. Segundo o Eurostat, as indústrias de base florestal contavam 397 mil empresas ativas (19,6% da indústria transformadora), em 2018, nos 27 países da UE.
Quanto ao VAB (retirado os custos de bens e serviços), o setor gerou 138,6 mil milhões de euros, destacando-se o subsetor da pasta e do papel, com mais de um terço (34,7%) deste valor: 48,1 mil milhões de euros. Na silvicultura e exploração florestal, os dados de 2017 apontam para um VAB de 26,2 mil milhões de euros.
O emprego é outro dos índices do impacto socioeconómico da floresta na União Europeia. Em 2018, havia 511 mil pessoas a trabalhar na silvicultura e exploração florestal, nos 27 estados-membros da UE, enquanto a indústria de base florestal, destino de cerca de 77% da produção de madeira de rolaria, empregava mais de três milhões de pessoas, o equivalente a 10% do emprego total na indústria transformadora europeia.