Reportagens

OS NÚMEROS QUE VALORIZAM A FLORESTA NACIONAL

Da árvore ao produto final, a fileira florestal é geradora de enorme valor na economia nacional. Eis alguns números que explicam esta afirmação.

As grandes fileiras florestais (pinho, sobro e eucalipto) apresentam um impacto profundo na riqueza nacional. De acordo com os últimos dados da Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE), o volume de negócios total das indústrias florestais ligadas a estes subsetores foi de 10 060 milhões de euros em 2018, o que representou 4,93% do Produto Interno Bruto (PIB).

Estima-se que todo o setor florestal, incluindo a silvicultura, indústria e o comércio de base florestal, mobilize cerca de 24 mil empresas, responsáveis por mais de 100 mil empregos diretos.

No seu conjunto, as atividades silvícolas, a indústria e o comércio de base florestal constituem uma cadeia de valor com um peso estruturante em toda a economia portuguesa. Os números referentes ao Produto Interno Bruto são esclarecedores, mas não são os únicos a expressar o seu caráter fundamental e estruturante.

Estima-se que todo o setor florestal, incluindo a silvicultura, indústria e o comércio de base florestal, mobilize cerca de 24 mil empresas, representando 2% do total nacional. Os dados são de 2016 e resultam do cruzamento das Estatísticas de Emprego do INE e da Síntese Económica Setorial do ICNF, e apontam para perto de 8 mil empresas na silvicultura, cerca de 10 mil na indústria e perto de 6 mil nas atividades de comércio de base florestal, responsáveis por mais de 100 mil empregos diretos.

Setor com elevado Valor Acrescentado Bruto

Todas as áreas da economia da floresta têm impacto direto e indireto nas contas nacionais, mas é quando olhamos para as indústrias que os números ganham maior peso. Segundo os dados da DGAE para 2018, os grandes setores industriais com base em matérias-primas florestais (pasta e papel, cortiça, madeira e mobiliário) reuniam um total de 10 049 empresas, as quais foram responsáveis por um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 2 539 milhões de euros, ou seja, cerca de 1,25% do Produto Interno Bruto e de 11,30% do total da indústria transformadora.

A atividade industrial traduz, naturalmente, o peso mais relevante nas contas nacionais, mas as atividades silvícolas (setor primário) apresentam igualmente um impacto económico importante. Aliás, se as medirmos juntas, verificamos que representaram, em 2017, um Valor Acrescentado Bruto de cerca de 3 mil milhões de euros, ou seja, perto de 2% do total nacional. A atividade industrial representou 71,5% deste valor.

Perto de 10% das exportações nacionais

As exportações de bens das indústrias da fileira florestal atingiram os 5 974,76 milhões de euros nos resultados preliminares de 2019, representando 9,97% do total das exportações portuguesas, segundo os últimos dados da DGAE.

No universo das indústrias de base florestal, é o subsetor da pasta e papel que tem o maior peso em volume de negócios: 4 658 milhões de euros, equivalente a 2,28% do Produto Interno Bruto (em 2018).

Analisando o total do setor florestal – juntando as matérias-primas e os produtos industriais –, verifica-se que o saldo da balança comercial foi sempre excedentário na última década, tendo aumentado de 1,7 mil milhões de euros em 2010 para 2,89 mil milhões em 2019.

No universo das indústrias de base florestal, é o subsetor da pasta e papel (fabricação de pasta, de papel e cartão e seus artigos) que tem o maior peso em volume de negócios, com o equivalente a 4 658 milhões de euros – o que se traduz em 2,28% do Produto Interno Bruto.

Emprego na floresta

Num país dominado por assimetrias regionais e pela desertificação do interior, a economia da floresta reúne um potencial de fixação ímpar das populações, nomeadamente no mundo rural. O forte pendor regional na criação de emprego é uma das marcas fundamentais da fileira florestal em todos os seus setores de atividade – primário, secundário e terciário –, assegurando mais de 100 mil empregos diretos, segundo a Revisão da Estratégia Nacional para as Florestas (em 2015).

Na área industrial, os dados da DGAE relativos a 2018 confirmam a maior, e expectável, concentração de emprego: as indústrias da fileira florestal tinham ao serviço 75 324 pessoas, o que representava mais de 10% do total da indústria transformadora e 1,86% do total do pessoal das empresas nacionais nesse ano.  E apesar de o número de empresas ter diminuído entre 2012 e 2017 – menos 1 274 –, o número de empregos na indústria de base florestal tem registado um crescimento sustentado entre 2014 e 2018, com mais 5 313 postos de trabalho.

Constituído na sua esmagadora maioria por empresas de reduzida dimensão – mesmo no setor industrial, onde cerca de 86% têm menos de 10 pessoas ao serviço –, o tecido económico da fileira florestal apresenta igualmente uma dispersão geográfica assinalável, com 80% das empresas repartidas por vários distritos das regiões norte e centro.