Reportagens

Proibição dos plásticos: uma oportunidade

A nova legislação europeia passa a condicionar a comercialização e utilização de produtos fabricados em plástico descartável.

uso de papel

A Europa está a banir os plásticos de uso único. A partir do mês de julho, e numa aplicação faseada que se estende pelos próximos anos, os plásticos “descartáveis” vão desaparecer gradualmente das nossas vidas. A proteção ambiental é a prioridade. E o que significa para os produtores florestais?

Impulsionada pela crescente consciência ecológica, o futuro do planeta está a ganhar uma nova oportunidade, através da floresta cuja origem de matéria-prima é natural e renovável, capaz de substituir produtos de proveniência fóssil, como o plástico. A nova legislação que agora entra em vigor é um caso paradigmático desta tendência.

Geridas num quadro de boas práticas silvícolas e de respeito pelo meio ambiente, as florestas sustentáveis são fonte de múltiplos produtos florestais de qualidade, oferecem diversos serviços dos ecossistemas e ainda desempenham um papel fundamental no sequestro de carbono (CO2 fóssil) e na preservação da biodiversidade.

Especificamente plantadas para uso industrial, as florestas de produção já estão na base de muitos bens que substituem os plásticos de utilização única, nomeadamente no setor da embalagem.

As imagens de toneladas de artigos de plástico nos oceanos, rios e praias marcam os noticiários de todos os dias, reconhecendo a necessidade de reduzir o lixo, impulsionar a bioeconomia e promover soluções mais sustentáveis para todos. Os dados revelam que 80-85% do lixo marinho encontrado nas praias europeias é plástico, enquanto as perdas estimadas para o turismo europeu e para as comunidades costeiras ascendem a 630 milhões de euros por ano. Já os danos causados pelo plástico nos ecossistemas marinhos em todo o mundo chegam aos 13 mil milhões de euros todos os anos.

A necessidade de agir é urgente e a Europa deu o primeiro passo em outubro de 2018, quando o Parlamento Europeu aprovou a diretiva que prevê, entre outras ações, a proibição da venda e utilização de alguns plásticos de uso único em todos os países da União Europeia.

A concretização desta diretiva torna-se efetiva a partir deste mês de julho, quando deixam de poder ser comercializados objetos de plástico descartável como talheres, pratos, palhinhas, agitadores de bebidas, cotonetes e varas para prender balões, bem como recipientes para bebidas e alimentos em poliestireno (incluindo as respetivas tampas). Mas também produtos feitos de plástico oxodegradável (um tipo de plástico que se fragmenta mas não se biodegrada no meio ambiente), este último muito utilizado em sacos para compras.

Papel assume soluções ecológicas na embalagem

As metas de redução nos produtos de plástico de utilização única são faseadas até 2030, e, como alternativa ao plástico descartável, a nova regulamentação europeia elege materiais reutilizáveis ou biodegradáveis. É aqui que as florestas sustentáveis, como as que estão na base da indústria da pasta (celulose) e do papel/cartão, considerada uma das mais sustentáveis do mundo, se apresentam, mais do que nunca, como solução para o futuro.

Especificamente plantadas para uso industrial, as florestas de produção já estão na base de muitos bens que substituem os plásticos de utilização única. Suporte natural, reciclável e totalmente biodegradável, o papel é uma alternativa de ampla implementação e sucesso, sobretudo no setor da embalagem, depois de se ter firmado como material ímpar na utilização em escritório e impressão gráfica, bem como no uso sanitário.

Importante player internacional no setor da pasta e do papel, a The Navigator Company está a transformar a sua área de negócio para o packaging, onde oferece já uma vasta gama de sacos de baixa gramagem, para embalagem de bens alimentares, como açúcar, farinha, cereais e leguminosas secas; diferentes soluções de caixas e sacos de retalho; shopping bags, como os sacos do jornal “Expresso” e da Feira do Livro de Lisboa; envelopes para envio de correspondência, revistas, mas também para e-commerce; e ainda recipientes para comida rápida.

A referência do papel como suporte renovável e biodegradável está bem expressa nas suas qualidades relativamente ao plástico. Para além de uma taxa de reciclagem superior (72%, enquanto no plástico esta situa-se entre 14 a 18% a nível mundial), o papel demora, de uma forma geral, 3 a 6 meses a decompor-se no ambiente, enquanto um saco de plástico leva 10 a 20 anos a ser biodegradado no mar e uma garrafa de plástico mais de 400 anos.