Reportagens

“Reforço na conservação e valorização da floresta”

O autarca José Manuel Ribeiro releva a importância da ação municipal no desenvolvimento da floresta no concelho de Valongo.

José Manuel Ribeiro

Qual o papel da floresta no concelho de Valongo?

O concelho de Valongo apresenta uma dicotomia territorial peculiar, exibindo uma mancha urbana considerável e 58,3% de área florestal, parte da qual classificada como Rede Natura 2000 e integrada no Parque das Serras do Porto. A floresta em Valongo destaca-se, assim, pela sua imponente presença, beleza e pelos inúmeros benefícios que lhe estão associados.

Como esta floresta está predominantemente sob a responsabilidade de privados, agregando espécies nativas e outras não nativas associadas à criação de valor económico (produção de pasta de papel), o papel do município perante a floresta e o capital natural subjacente é importante no reforço de ações de conservação e de valorização do ecossistema, com vista à garantia da biodiversidade, adaptabilidade e boa evolução dos seres vivos que deles dependem.

– Quais os principais projetos desenvolvidos pelo município em prol da floresta e que objetivos serviram a sua execução?

A singularidade e a riqueza patrimonial presente das Serras de Santa Justa e Pias motivaram-nos, juntamente com os municípios de Gondomar e Paredes, a constituir, em 2016, o Parque das Serras do Porto, com o fim específico de criar, gerir e valorizar a paisagem e o património.

O Parque abrange 6 mil hectares, onde são desenvolvidas ações de gestão ativa de áreas ocupadas com espécies invasoras, a valorização e adaptação dos rios Ferreira e Sousa às alterações climáticas e até a instalação de um apiário pedagógico para a promoção dos polinizadores. Entre outros projetos municipais em curso, saliento também a Escadaria Cuca Maruca, percurso pedestre com baloiços e miradouros que permitem estender a vista até à cidade do Porto e ao mar.

Que desafios enfrenta o país em termos de floresta e que contributo podem dar as autarquias?

No paradigma atual, facilmente se identificam algumas das maiores ameaças que a floresta sofre em termos globais. Falamos das alterações climáticas, o inadequado uso do território, os incêndios, a exploração intensiva dos recursos, a monocultura de espécies não nativas e práticas de gestão inadequadas, que contribuem para a degradação da floresta e do solo e que dificultam a sua regeneração natural, bem como o restabelecimento das funções socioeconómicas e ambientais que estas oferecem.

“Autarquias têm um papel fundamental na mobilização da sociedade e de recursos, bem como na definição de políticas de gestão adequadas para a floresta.”

Neste cenário, as autarquias têm um papel fundamental na mobilização da sociedade e de recursos, bem como na definição de políticas de gestão adequadas para mitigar os efeitos dessas ameaças. Para isso, é fundamental envolver, educar e incentivar os cidadãos a contribuir na definição de soluções, repensar ideias e otimizar projetos, por forma a que a floresta seja um ativo de todos e para todos!