Reportagens

Sapadores na linha de defesa da Floresta

Narciso Vieira é o coordenador das equipas de sapadores da APAS Floresta que atuam na prevenção e proteção dos espaços florestais na zona Oeste.

Narciso Vieira

O sapador florestal desempenha uma dupla missão na floresta, primeiro nas intervenções de manutenção da Silvicultura Preventiva e depois na Vigilância e 1ª Intervenção perante a ameaça do fogo. “Esta profissão é exigente, acarreta perigos no período crítico dos incêndios, mas tenho muito orgulho em vestir esta farda”, refere à “Produtores Florestais” Narciso Vieira, coordenador das duas equipas de sapadores florestais da APAS Floresta, que atuam prioritariamente na região do Oeste.

Conhecedor das exigências de quem está na linha da defesa da floresta, Narciso Vieira não esconde a paixão pela sua profissão. “Gosto do trabalho na natureza e do espírito de ajuda entre todos quando se combate a ameaça do fogo”, afirma, reconhecendo que os momentos de maior adrenalina acontecem nos meses mais quentes, entre julho e setembro, quando o risco de incêndio aumenta e as equipas estão em alerta permanente.

“A intervenção nos 10 ou 15 minutos iniciais do fogo é fundamental para o controlo da sua dimensão”, refere o coordenador das equipas de sapadores da APAS.

“A intervenção nos 10 ou 15 minutos iniciais do fogo é fundamental para a extinção ou controlo da sua dimensão, e a formação dos sapadores florestais é orientada para essa mais-valia”, adianta o coordenador da APAS, acrescentando: “A capacidade de água nas viaturas de primeira Intervenção é de apenas 450 a 500 litros, pelo que, depois de chegarem os bombeiros, o nosso trabalho é deslocado para o apoio de retaguarda, o controlo de projeções e o rescaldo.”

Quando o foco não está numa ocorrência de fogo, as equipas mantêm uma rotina de prevenção, com a deslocação a locais estratégicos de vigilância nos concelhos de Alenquer e da Azambuja, a sul da Serra de Montejunto, mas também em ações de vigilância móvel ou de sensibilização junto da população local.

Serviço público reconhecido

Entre outubro e junho, sem que haja alertas amarelo, laranja ou vermelho, o sapador florestal troca o equipamento ignífugo pela farda apropriada para as intervenções de manutenção em espaços florestais. Nestes meses de menor risco de incêndio, o trabalho é focado na prevenção e diminuição da carga combustível: seleção de varas, desramações, podas e desbastes, bem como limpeza de matos com trituração de vegetação.

“Cada equipa cumpre anualmente 110 dias de serviço público (55 na Silvicultura Preventiva, em áreas identificadas pelo ICNF, e 55 em Vigilância e primeira Intervenção) por ano. Para além disso, aquelas equipam trabalham também para clientes particulares”, explica Narciso Vieira, justificando com “a necessidade de a associação rentabilizar os seus meios para o resto do ano”. “Não somos voluntários, somos profissionais,” sublinha.

Recentemente, o sapador florestal viu reforçado o seu estatuto na alteração do Decreto-lei nº 8/2017, que passou a considerar de forma autónoma a contabilização do serviço público na atividade de Silvicultura Preventiva, agora com um apoio anual de 45 mil euros (e um adicional de 15 mil euros para as equipas que prestem exclusivamente serviço público).