WWF PROPÕE MEDIDAS PARA REDUÇÃO DE INCÊNDIOS
O último relatório da organização ambientalista aponta a prevenção como única alternativa eficaz para diminuir o impacto do fogo na Península Ibérica.
O mais recente relatório do WWF (World Wide Fund for Nature), representado em Portugal pela ANP (Associação Natureza Portugal), revela que o nosso país perde por ano, em média, mais de 3% da sua superfície florestal em incêndios rurais.
Denominado “Um planeta em chamas – Proposta ibérica da WWF para a prevenção de incêndios rurais”, o relatório destaca os fatores na base do impacto dos incêndios rurais em Portugal e Espanha, nomeadamente o forte despovoamento e envelhecimento rural, a cessação de atividades agrícolas tradicionais, a ausência de aproveitamentos florestais, e a falta de políticas que possam gerir eficazmente o território.
Como consequência, indica o WWF, a superfície florestal ibérica apresenta-se com elevada carga combustível e sem gestão adequada, fatores que se agravam com as alterações climáticas, que enfraquecem as florestas e aumentam a vegetação seca, contribuindo para a inflamabilidade destes territórios.
Esta organização não governamental de proteção da natureza indica que a prevenção é a única alternativa eficaz para diminuir a vulnerabilidade do território e gerir o impacto do fogo na Península Ibérica. Para isso, é urgente mudar o atual modelo, reconhecendo que não existe capacidade para apagar os super incêndios cada vez mais frequentes.
Entre as recomendações do WWF está a redução da inflamabilidade da paisagem, através da implementação de planos de prevenção eficazes, paisagens em mosaico, e reversão do abandono rural e florestal. As políticas públicas de estímulo ao setor florestal, através de, por exemplo, gestão florestal coletiva (associativismo) e políticas de compras públicas que privilegiem produtos de base florestal certificados. A maior prevenção social em áreas de elevada recorrência de incêndios, maiores esforços na investigação das causas das ignições, novos programas de sensibilização e educação e sanções exemplares para quem for identificado como incendiário. E melhorar as capacidades de proteção civil, apostando na melhoria da coordenação entre os vários organismos responsáveis, execução de Planos Territoriais de Emergência em municípios em área de interface urbano-rural e reforço da capacidade de autoproteção dos habitantes em povoações mais vulneráveis.
Estes esforços nacionais e ibéricos, diz o WWF, deverão ser acompanhados por ações à escala europeia e mundial, que permitam um combate mais assertivo às alterações climáticas, uma reversão da desflorestação global e uma transição para sistemas alimentares mais sustentáveis.