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Floresta portuguesa duplicou no último século

A área de floresta em Portugal está já acima da média mundial, resultado de um crescimento em contraciclo.

floresta a crescer

A área de floresta em Portugal duplicou nos últimos 120 anos, passando de cerca de 18% do território nacional no início do século XX, para os 36% registados atualmente, de acordo com os dados do último Inventário Florestal Nacional (IFN6).

Fruto desta tendência, a floresta é hoje o principal uso do solo em Portugal, colocando o nosso país acima da média mundial, que se situa nos 30%. Estamos, de resto, perante um efeito em contraciclo com o que ocorreu na média do planeta, onde, em cerca de 100 anos, as florestas regrediram 20% (sobretudo África subsaariana, América Latina e Caribe), muito por influência da expansão da agricultura e da pecuária.

País de floresta fagosilva (onde predominavam árvores como os carvalhos do género Quercus, faias e castanheiros), Portugal foi perdendo progressivamente, até ao final do século XIX, a sua área florestal. Os fatores deste recuo foram variados e passaram pelo aumento da população e a necessidade de madeira para a construção civil e combustível (lenha/carvão), pela necessidade de espaços para a agricultura e pastorícia, e ainda pela elevada procura de madeira para a construção naval que sustentou, durante vários séculos, a vocação marítima do país.

A floresta nacional é maioritariamente constituída por espécies autóctones (72%), onde sobressaem os pinhais e os montados, sobreirais e azinhais.

Em meados do século XIX, o solo nacional estava praticamente desarborizado, com uma área de floresta estimada em 640 mil hectares, que correspondia a 7% do território continental, segundo avaliação do cartógrafo militar Gerardo Pery em 1874.

Identificada a necessidade urgente de reflorestar o País, esta missão foi apoiada em duas espécies florestais: o pinheiro-bravo, de crescimento relativamente rápido e adaptável a solos degradados, plantado intensivamente no Norte e Centro em terreno baldios serranos e na fixação de dunas; e o eucalipto, árvore que se adaptou às condições edafoclimáticas (clima e solo) do país, em especial no Centro-Norte Litoral e Sudoeste alentejano, e que a partir de meados do século XX passou a desempenhar uma importância económica estratégica, como matéria-prima para a produção de pasta para papel.

O mosaico florestal português

Maioritariamente constituída por espécies florestais autóctones (72%), a floresta do território continental de Portugal organiza-se em quatro grandes grupos: pinhais (pinheiro-bravo e pinheiro-manso); folhosas perenifólias (“montados”, sobreirais e azinhais); folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras); e folhosas silvo-industriais (eucaliptos).

Os “montados”, sobreirais e azinhais são a principal ocupação florestal, com cerca de um milhão de hectares e representando um terço da floresta (34%). Já os pinhais cumprem 30% da área florestal nacional, enquanto os eucaliptais correspondem a 26%. Muito significativa é ainda a percentagem de matos e pastagens no território: 31%, segundo o último Inventário Florestal Nacional que tem por referência o ano de 2015.